terça-feira, 7 de outubro de 2008

É A BOLHA ESTÚPIDO

Nesta fase de incertezas sobre a dimensão da crise financeira dos EUA, que a Europa dos quinze, os da União monetária, não se esqueça que tem uma missão a cumprir; a defesa da sua moeda. Esta missão deve ser pensada dia-a-dia tendo em atenção que a defesa do euro é im- portante por este se ter tornado um pilar influente da economia mundial. A defesa da moeda europeia implica que se tenha em conta que aquele excesso de libe- ralização levou à implosão de uma bolha financeira que nada teve a ver com a economia real. O que é puramente especulativo deve ser resolvido entre muros, sem sanções ou com as que entenderem por bem, mas nunca fazendo do resto do mundo uma cambada de estúpidos que tenha de resolver os problemas de uma grande potência económica que "apenas" se dedicava a aumentar o seu número de multimilionários à custa de um jogo financeiro sem qualquer ligação a processos produtivos. Os norte americanos devem resolver, internamente, os problemas que criaram. Para mal já bastam aqueles que fizeram reflectir em outras economias mundiais. Quando obtinham as chamadas mais-valias bolsistas não se preocupavam em distribuir pelo resto do mundo, nomeadamente quem mais necessitava, apesar de não se esperar que a ganância especulativa se tivesse de preocupar com solidariedades. Toda a estratégia dos EUA neste momento é levar outros países, nomeadamente a Eu- ropa, a pagarem a factura, absolvendo os (seus) prevaricadores de qualquer sanção. Sa- bemos que há sempre alguém que paga, que não é culpado e nem sequer sabe o que aconteceu. Se for necessário a Europa deve lembrar a esse gigante económico que um dia um dos seus dirigentes chamou a atenção; "é a economia estúpido". Agora, sem que a atitude constitua qualquer tipo de retaliação pelos presentes danos causados, lhe diga; é a bo- lha estúpido. Os EUA devem convencer-se, como dizem os seus "experts", que o mundo deixou de ser unipolar e a segunda metade do século vinte já lá vai. A Europa poderá vir a ter grandes problemas se não souber jogar nos dois pratos da balança e cair na tentação de, levianamente, tentar salvar o defunto. O aviso já foi dado: a última queda mundial das bolsas, sem justificação cabal. Basta que os estrategas em acção concertada mandem retirar os capitais das bolsas para criarem problemas graves aos mercados mundiais. Não se esqueçam, também, que quem sai do mercado repentinamente sem justifica- ção vai ter necessidade de reentrar. Por isso, o problema criado será minimizado se houver a calma suficiente e actuação sem pânico. Os europeus devem questionar-se se devem socorrer, monetariamente, instituições financeiras de países que, quando confrontados com a criação da moeda única, princi- palmente a Inglaterra, nem só a rejeitaram como colocaram todos os obstáculos à sua organização. As correias de transmissão entre os EUA e o seu país filial da Europa não se quebraram durante o retardamento da conclusão do SME. E agora? É o SME que vai pagar a factura? A Europa dos Quinze deve unir-se em torno da estabilidade da sua moeda e os outros doze afinarão a sua música pelo mesmo diapasão se assim o entenderem. Se são defen- sores do tal liberalismo desregulado norte americano, que se lhe juntem e deixem a "zona euro" seguir o seu caminho. É relevante assistir à situação daqueles países que recusaram entrar na moeda única e, agora, "aqui ó Deus Euro nos acuda", sós, podemos ter problemas. O erro dos "Quatro"foi, de facto, terem no seu seio, um subordinado incondicional dos EUA, em vez de se reunirem a quinze. Nunca é tarde para reverem o caminho. .