segunda-feira, 18 de outubro de 2010

-----------A ECONOMIA DE VITOR BENTO-----------

Li hoje num jornal diário uma entrevista ao Dr. Vítor Bento, acerca do lançamento de um seu livro de economia. Não posso conhecer o conteúdo do livro porque na entrevista não vai além de umas quantas respostas a outras tantas perguntas daquelas corriqueiras que circulam por aí nas gritarias dos média falados e escritos. Se juntar o conteúdo desta entrevista ao conteúdo de um livro recentemente editado, a pedido, segundo o autor, sobre a Economia Portuguesa nas últimas décadas, de Luciano Amaral, onde o que dizem algumas estatísticas contrasta com a parte final em que se resume, ou se dá a opinião final contrária ao que se extrai da verdade dos números, mais parecem romances encomendados para terem um final arrasador do que o primor ético que um economista deve ter em prejuízo da politiquice. Como não é possível analisar neste espaço e por esta via comunicacional todo o conteúdo da entrevista, ficar-me-ei pelo conteúdo alegórico do nó cego. ... existe, de fato, um nó cego na sociedade portuguesa há alguns séculos, não apenas desde 1990, como diz VB, e que causa problemas à Economia Portuguesa como reflexo desse estrangulamento mas, não aquele que o entrevistado identifica. O problema é mais "sofisticado" e, em termos analíticos, muito mais difícil de "desapertar". É necessário saber história e não apenas a económica. Hemorragia hoje? Não senhor economista! Essa é que começou, de fato, por volta de 1990, e desde então jamais houve concerto possível. - Talvez que este venturoso economista tenha alguma coisa a ver com aquele período. Estou a especular porque não tenho a certeza, e nunca se sabe muito bem por que correm certas juventudes, quando correm, mas as identidades políticas sugerem que não andarei muito longe da realidade -. Em economia, quando se é jovem, interessa mais a ideologia do momento (espécie de) que os efeitos práticos de uma teoria recentemente aprendida, mas que na prática, por uma razão ou outra, não se confirma. Os livros de grandes autores nunca refletem (nem podiam) concretamente uma realidade posterior, e não é fácil juntar-se aquilo que se aprendeu com essas leituras para se resolverem problemas do momento. A maturidade será sempre boa conselheira. Claro que nesse princípio de década, a ferida começou a alastrar e a sua abrangência em meados da mesma só poderia acabar na tal hemorragia com que agora, outros, se debatem com problemas para a tentarem estancar, sem possibilidades de voltar a 1990 para emendar o erro. O que aquele economista identifica, seria de fácil resolução, evitando recorrer a análises superficiais, do tipo das que poluem os média falados e escritos por esse país fora, como se "gerir" a economia de um país fosse uma brincadeira de jovens à procura de emprego e de jornalistas pouco revestidos de responsabilidade, cujo único objetivo é a afirmação de um poder sem escrúpulos de um lado, e a venda de jornais e captação de audiências de outro. (Ainda não deitaram o governo abaixo!) O que VB propõe, em concreto, seria uma alteração de política económica para se passar de um "nó cego" a um "nó aselha", em que os menos entendidos na matéria o desapertariam com a maior das facilidades para colocarem a roleta do privado (não o privado enquanto tal) a transferir o ónus das crises para o comum dos desfavorecidos, com anúncios de grandes "jackpots" mas que nunca saem a quem quer que seja. A visão económica de que é com empresários muito ricos (em poder financeiro) que se constroem as sociedades livres, democráticas e de nível social avançado é um conceito do passado e com ciclos de má memória, além de sempre se ter verificado o contrario daquilo que o vulgo sempre espera. Essa visão indica que há economistas que tentam, sem se inibirem de analisar a economia à "luz" (ou às escuras) de uma visão meramente política, sem fundamento quanto ao estado atual da redes internacionais que ditam as suas leis, e sem uma análise aprofundada das causas do aqui e agora, o que, obviamente, faz com que as conclusões sejam uma panóplia de resultados enviesados, ajudando a aumentar os problemas da Economia Portuguesa. Baixa de salários em Portugal para viabilizar a economia? Ou como diz VB para que se possa encetar a via do crescimento? Estará ele na China e não nos disse nada? Qual os reflexos de uma tal política? Melhor seria que explicasse no seu livro de economia, o que é isso de crescimento. Será acertar no euromilhões? Espero que o Sr. PR filtre as opiniões de certos Conselheiros, pelo menos em matéria de economia, senão arrisca-se, quiçá, muito brevemente, a sofrer um retrocesso no apoio que o público português lhe dispensa, pelo menos aquela parte, que não é pequena e que receia que lhe reduzam os parcos salários. . 18/10/2010.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

-----------PARADOXOS E PARADIGMAS-----------

Na arena política, com a vedação central de tábuas podres, em que se transformou o país, o "Pontal" está para o Algarve, no que refere à "disenteria festiva" anual do PPD/PSD, como a festa anual do "Avante" está para o país, no que se refere à descarga ventosa nessa feirante baía do Seixal. Os primeiros, cada vez que têm oportunidade de se fazerem ouvir através dos watts de saída que as colunas mediáticas colocam à sua disposição, se não me engano é todos os dias, tentam uma desintoxicação dos ventrículos, difundindo lástimas (com lágrimas ...) sobre "este pior país do mundo" cuja população estará, na sua totalidade, a morrer de fome. O povo pronunciou-se há pouco tempo, ditou resultados, mas ter-se-á equivocado. O que estas vozes acutilantes quererão dizer é que é necessário corrigir o povo, que será o próprio culpado de ser analfabeto. Nunca perceberá de política, por isso tem de ter um tutor. A avalanche nortenha, de séculos a séculos sai do bairro e atira-se às águas que correm sempre para qualquer sítio mais abaixo ... Não fora o sol e a praia no Agosto algarvio e nem "botas" nem "macários" botariam a boca no "trombone". Isto de acesso a poleiros só para lá do Mondego. Os mouros ou pedintes do Sul que se fiquem pelo burgo. Os segundos descarregam em cada momento que se lhes aproxima um microfone, todas a suas raivas e recalcamentos, excessos de testosterona acumulada desde há trinta e cinco anos, quando não conseguiram levar a "República " para a cama e depois devolve-la com outros trajos. Daí a necessidade de deitarem ao vento todos esses recalcamentos que se traduzem sempre nos mesmos sons, tornando a música tão corriqueira que não há quem lhe queira dar ouvidos. Nota-se até nos próprios, que de tanto imitarem o galo até já cantam com notas mudas. O que é necessário é "derrotar" seja o que for. O inimigo subjacente é o mesmo que até ao momento dos cravos os empurraram para a então clandestinidade e que julgam ainda "pidescarem" aí por qualquer esquina. Tudo se passa como se pressentissem um inimigo à solta mas, como é apenas pressentimento, despromove-se quem se julga que ocupa o lugar. É possível que tenham razão mas, como desconhecem ou demonstram desconhecer em absoluto, onde está o principal inimigo, uma vez que apenas é apontado em abstrato, as suas prováveis boas intenções ficam-se pelas "carícias ao nosso povo". Na maioria ( a que deveria existir de fato ...) não se detecta um recado que tente esclarecer e sossegar verdadeiramente quem na plebe tem dúvidas sobre as gritarias que ofuscam a realidade. As vias de acesso aos promontórios da divulgação secaram e, não podendo o barco navegar, ainda que à vista mas de acordo com quem comanda ao leme, parece andar à deriva num mar que todos desconhecemos: não ouviram ... não comentam, não informaram ... não sabem, não estavam lá ... desconhecem ... Se não há acutilância no que deve ser esclarecido, ainda que com alguma dose de arrogância, permite-se que o acusador sentencie. Aos outros dois partidozecos nada mais lhes é conhecido do que ruído, cada um com as suas dislexias verborreicas, monótonas e sem conteúdo palpável. Ficam-se apenas pelo ditado visto que em prosa parlatória, inovadora ou de conteúdo ... nada se vislumbra. Permita-me o meu amigo BB que acrescente uma pequena "definição" a uma passagem do seu extraordinário artigo no DN: "... Vai sendo hábito afirmar desatinos que deixam os social-democratas, aliás direita liberal, embevecidos e os socialista, aliás social-democratas, irritados", que esta coisa de esquerda e direita anda muito confusa e, senão de fato, por vezes inverte-se o eixo cartesiano. Tornou-se hábito na "vox populi" empregar o termo paradigma para tudo e mais alguma coisa. Logo se vê que bem poucos sabem consultar um dicionário, nomeadamente os que têm voz nas sinfonias mediáticas. O que se nota no funcionamento da sociedade portuguesa, mais propriamente na política, é uma sucessão de paradoxos interligados. Mas mais importante do que esta crítica: será que um dia os dez milhões de amorfos lusitanos vão descobrir o seu inimigo comum? J Faustino.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

-----------A CPLP E A GUINÉ EQUATORIAL-----------

Amigo Mia Couto, é justíssima a tua preocupação.
Ficámos cheios, e de bem conhecer o que é um regime ditatorial, mas lembra-te de algo mais, para além desse importante sentimento; existe sempre um povo que sofre perante a existência de uma ditadura, seja em que continente ou lugar do mundo.
Vives diariamente um casamento do qual jamais te poderás divorciar até ao fim dos teus dias; a língua portuguesa.
Sendo a língua mais rica do mundo e da qual tens o privilégio de te servires, no bom sentido, para exprimires as tuas preocupações, visões do mundo, etc., é também aquela que necessita de toda a liberdade para que o mundo conheça todas as inquietudes sociais de quem a usa, e com ela tece os fios condutores que divulgam regras de boa convivência, e que ajudam a harmonizar a luta pela libertação dos povos.
Aqueles que ainda são bafejados pela má sorte de viverem subjugados, não devem ser por nós sacrificados só porque em dado momento um ditador se instalou no lugar onde se pode mexer e distorcer os caminhos da liberdade.
Faz um pequeno sacrifício e permite que durante algum tempo esse espírito execrável de ditador, que tira a liberdade ao povo que o sustenta, seja ele próprio que aos poucos vá gerindo uma onda que facilite o caminho para a integração no nosso sistema livre, de amplitude universal, e que, por abranger praticamente todos os continentes, aí se vá moldando e ajustando aos desígnios do mundo democrático, ou que ao menos constitua uma luzinha de esperança para aquele povo.
A nossa, CPLP, não voltará a um tempo de má memória porque sobre as suas cinzas conquistámos a nossa liberdade, pelo menos a de poder "dizer". Ao invés, aquele povo tão necessitado da tua, nossa, ajuda, merece um pouco de sacrifício para que com maior celeridade aqueles dias se percebam.
O facto de aparecerem "negócios" pelo meio, para além de uma exploração cujos benefícios se "esquecem" do povo, pode constituir um veículo para transformações sociais. É necessário que os espíritos livres, como o teu, estejam atentos ao momento.
Sendo eu amante dessa liberdade, por que para quem escreve, e nomeadamente faz poesia, esse aparente nada é um alimento diário. Então, como abomino as ditaduras ou os impérios sejam quais forem as formas ou as justificações que os sustentam, também reconheço que a maioria dos povos a sul da Sara necessitam de um órgão administrativo central que os proteja e ao mesmo tempo ponha rédea, quiçá pela diversidade tribal ou outras facções que se digladiam e que compõem essas sociedades ainda pouco evoluídas.
Entendamos esse sacrifício da integração (observação) como uma ajuda para que o povo da Guiné Equatorial se liberte.
Quanto àquilo que penso sobre o que dessa integração possa advir, resume-se a uma máxima que deveria ser comum a todos os escritores e povos livres: "solidariedade para com todos os povos do mundo".
E, ainda em jeito de conclusão, se rejeitamos sem mais, pedidos de adesão, não fará qualquer sentido aprovarmos planos de promoção da língua portuguesa no mundo.
Boas leituras.
.

terça-feira, 29 de junho de 2010

----------- POLÍTICA INTERNACIONAL -----------

... A China deu mais um passo para a sua consolidação como uma das maiores forças económicas actuais de intervenção no comércio mundial mas, também, um passo que viabiliza o reconhecimento de Taiwan como país independente. Ao assinar um acordo (mais um) entre os dois "países", qualquer que seja a explicação, cooperação económica, ajuda aos países para saírem da recessão mundial, etc., acabou de dizer ao resto do mundo que é lícito negociar directamente com os próprios e reconhecer Taiwan como estrutura económica e política independente cujos destinos serão da responsabilidade dos seus habitantes. Doravante, o país que não reconhecer Taiwan como um parceiro para os negócios, ou que simplesmente não comercialize directamente com os seus organismos económicos e empresas, julgar-se-á que é por simples (?) receio de represálias ou por contenção, devido a sensibilidades diplomáticas, mas nunca como agressividade económica no jogo do comércio internacional, dada a necessidade que a maioria dos países tem de ter ofensivas comerciais na procura de novos mercados. Em termos de comércio, neste mundo a todos os níveis globalizado, os perdedores serão sempre os pouco aventureiros. Apesar das manifestações contra o recente acordo da oposição taiwanesa, por que poderá viabilizar a unificação, os tempos mudaram e as autoridades de Taiwan podem fazer crer à opinião pública mundial que o acordo económico com a China é um reconhecimento tácito das duas estruturas políticas como independentes. Este acordo pode também querer dizer que a necessidade da China se desenvolver e acompanhar económica e científicamente o resto do mundo a obrigou a um abandono dos conceitos antigos de posse ... e o reconhecimento de que a evolução do comércio mundial se sobrepõe, e revoluciona preconceitos. Em matéria de acordos internacionais, diz o representante de Taiwan em Portugal ao jornal público, "se Portugal quiser estamos de acordo"! O que esperamos? ...

domingo, 27 de junho de 2010

-----------ONDE ESTÃO OS PATRIOTAS-----------

... Aos meus leitores. Após este interregno sem escrever comentários no blogue, devido a outros assuntos a que tive de prestar atenção, volto hoje a criticar aquilo que me parece um enorme desprezo pelo futuro dos portugueses. Em anteriores comentários não escrevi abertamente sobre política, embora a crítica a qualquer facto que ocorra no país a tenha sempre subjacente. Hoje, e como todo o cidadão português, tenho o direito de me exprimir, porque na vida política deste nosso cantinho lusitano, surgem (continuam ...) casos que me obrigam a reagir e porque sinto estarem em causa as boas expectativas de futuro que o povo português deseja e merece. Uma alta personalidade eleita pelo povo tem de ser ao mesmo tempo respeitada como tal, ouvida quando se dirige aos portugueses e, tão mais importante, ter ela própria em seu conceito, as responsabilidade pelo efeitos que as suas intervenções provocam em toda a população, pelo menos aos residentes, dez milhões que esperam do seu eleito o melhor que sabe para a continuação da construção da casa de todos os portugueses. Neste sentido, assisti a frases muito pouco consensuais e pouco abonatórias, no que diz respeito ao bom augúrio do que se deve esperar para o futuro, que será, em primeiro lugar uma palavra de esperança e, em segundo lugar que não se entenda como sendo para atirar o país para um buraco que, a ser verdade, não se vislumbraria o fundo. Ao actual Presidente da república já tínhamos ouvido antes do pior que se poderia dizer como representante eleito. Na última década do século passado, quem não se lembra da triste e mediática celebre frase "gato por lebre"? Pois muito bem (mal), sabendo o que as suas palavras podiam originar, aos microfones da televisão tal frase pronunciou, chamando a atenção dos portugueses para o que em consciência, no meu entender e no de outros comentaristas do momento, não devia, essa frase que ficará para a história. Nos dias seguintes a bolsa de Lisboa desceu abruptamente, como se um pedregulho rebolasse da colina da Estrela pela rua de S. Bento com tal estrondo que nenhuma das economias dos portugueses que haviam sido investidas na bolsa escapou sem ser reduzida ao mínimo. Com os bolsos vazios, sorte com a qual também fui bafejado, tudo acabou no silêncio. Pensava eu que se tinha aprendido uma lição. Nem pensar! Mais recentemente, coincidente com os ataques mediáticos ao Primeiro Ministro, eleito havia poucos meses, e juntamente com um tal senhor economista (?) que foi presidente de uma associação de bancos, veio abertamente dizer que o país estava num caos e que vinham aí muitas desgraças, o que já a "celebérrima" Sedes havia dito. Ainda que fosse verdade (está demonstrado que não era) um Presidente da República nunca o deveria dizer, ou autorizar a dizer, quando o interlocutor havia saído de uma reunião conjunta. A ter sido correcta uma perspectiva de desgraça colectiva como transpareceu, o mínimo que "se" poderia ter feito para uma tal resolução era a dissolução do parlamento e a solicitação ao povo para se pronunciar. Ainda que se pudesse imputar a outrem uma tal afirmação, a responsabilidade cairia sempre sobre os ombros do Presidente. Não houve o cuidado de evitar prejuízos para o país. Divulgado o parecer também com grande estrondo pelos média, que não se sentem responsáveis pelo que escrevem, logo apareceram os investidores internacionais a subir as taxas de juro a que o erário público tem de se sujeitar quando há necessidade de recorrer a empréstimos. Quem pediu responsabilidades a quem? O caso parece tão mais grave quanto nos último dias o Sr. Presidente voltou a dizer que o País está num caos. Tal actuação não tem desculpas ainda que se queira passar a ideia de que é legítima a propaganda política partidária (negativa) que visa substituir o Primeiro Ministro. Um tal álibi não justifica comentários "impensáveis" que prejudicam todo um povo. Mas, se há um ou dois descuidos verbais de um alto responsável eleito, o terceiro já não pode passar despercebido aos ouvidos dos portugueses. A mais recente afirmação não pode deixar de influenciar o seu sono. Nessa aparente sonolência, eles sabem que o sonho é a última coisa a morrer e, certamente, começarão a pensar no próximo acto eleitoral onde terão oportunidade de escolher alguém que os represente e que, pelo menos, se apresente com um mínimo de independência face a lobbies que se escondem atrás de cortinas não transparentes para todos. Por estas razões, haja quem as desdiga, Sr. Presidente da República, eleito numa primeira volta em que os votos brancos foram deitados fora: como de direito, cumpra o seu mandato até ao fim e, até lá intervenha quando lhe aprouver, mas com palavras que caiam bem no consciente de todos os portugueses, e a seguir vá para casa gozar a sua reforma, á qual, como todos os portugueses, tem direito. O povo português saberá escolher quem melhor vier, até por que o lobby que tudo fez para que fosse eleito, como prémio que julgava ser-lhe devido, poderá não ter todas as razões para voltar a fazê-lo. Quem sair a horas sairá bem! ...

quinta-feira, 4 de março de 2010

---------- O PARADOXO DA DEMOCRACIA----------

Todo o paradigma, se forem desrespeitadas as regras que o definem, tende a desaparecer dos conceitos sociais e, consequentemente, começam a aparecer os desejos de mudança. Quando as regras que julgamos correctas são aviltadas, o resultado é um paradoxo. O paradoxo da democracia é alguém, ou grupo, servir-se dela para fins contrários aos que predispõe. Na Argélia, há alguns anos, "um movimento radical" que concorreu a eleições, ganhando-as declarava a seguir a sua abolição. O que não falta por esse mundo fora são exemplos de, em final de mandato, se alterarem as regras para a continuação num lugar que, por mandato popular, era limitado no tempo. Seja qual for o país, numa qualquer região do globo, que tenha adoptado a democracia como processo político para alargar a todos os seus cidadãos as liberdades reclamadas, é uma violência aterradora se houver um regresso a formas de ditadura. É sempre o povo a sofrer as consequências. Quando existiam os muros que sustinham o avanço da democracia europeia para os vizinhos de leste, tais como ex-URSS e ex- Jugoslávia, a LIBERDADE de os povos se exprimirem, esfumava-se ali por uma qualquer linha de fronteira. Quando essas linhas de opacidade caíram, a luta travou-se com bastante dureza e, desenrolando-se ali mesmo às portas da Europa Democrática, o mundo ocidental tinha de reagir. Sem atribuir a razão a qualquer dos "movimentos" em peleja, o que a Europa não podia era deixar que mesmo ali ao lado se cometessem atrocidades como se vivêssemos um século antes, mas também porque estava em causa a sua própria democracia. Tudo indica que esse perigo passou! E em Portugal? Esse tipo de paradoxo existirá? Em 1925/26 (nem de propósito (?), passava mais um centenário da criação do movimento católico (325 d c), transformado depois em império), isso aconteceu no nosso país. O que nós não sabíamos era de que modo é que o processo tinha sido levado à prática. Quais os meios utilizados para essa contra-revolução? Um dos mais contundentes, pelo menos durante cerca de quinze anos do principio da Primeira República, era a propaganda desestabilizadora, dirigida ao povo que, quase na sua totalidade analfabeto, se sentia cada vez mais desprotegido, cheio de medo e fome, tal que até o regresso à ditadura fazia todo o sentido. Não deixando governar e com a infiltração do polvo católico conservador, e todo o parasitismo que se agregava a todos os "movimentos", revolucionários ou não, era só destruir. E neste momento? O processo será o mesmo? A partir de 1985, dez anos após a revolução democrática, iniciou-se novamente a destruição de todo o edifício democrático em construção. Agora, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, uma vez silenciosamente controlados, são um meio ainda mais eficaz para o efeito, repetindo-se os mesmos métodos, por meios idênticos aos utilizados no primeiro quartel do século XX. Analisando os média actuais, em Portugal tudo é mau, péssimo mesmo. É o pior país do mundo. Assistimos diariamente à intoxicação do povo, com propagandas que atiram o país para um beco sem saída. Institui-se, sem qualquer controlo, a desestabilização política, económica e social. E o Presidente de todos os portugueses? Não existe para analisar este processo? Segundo a Constituição não é ele o garante da estabilidade política? Deixemos este assunto ... A uma grande parte dos jornalistas, parolos (quem não quer ser lobo não lhe veste a pele), faz-se-lhes crer que são o terceiro poder, e portanto, toca a destruir a imagem e credibilidade, quer de políticos quer de magistrados. Não faltam diariamente referências a este propósito, perguntado-se (os mesmos que desestabilizam), em jeito de análise da situação política, se o Primeiro-Ministro ainda terá condições para governar e se determinados representantes do poder judicial não se deveriam demitir. Este tipo de desestabilização política, sendo veiculado pelos mesmos que fabricam as notícias alarmantes, demonstra que há grupos de interesses diferentes que se aproveitam dos mesmos "veículos". Não têm quaisquer problemas com os prejuízos que causam ao país. Os mesmos movimentos que destruíram as hipóteses da evolução democracia a partir de 1910, estão agora no terreno, com toda a eficácia. Determinada oposição, nomeadamente aquela que pode ter acesso ao poder político (que outra poderia ser?), desdobra-se numa fúria desenfreada, atirando o país para o fundo do que de pior existe no mundo, como se estivessemos fora da União Europeia e de qualquer efeito da globalização. Utilizam, sem quaisquer problemas, tudo o que possa prejudicar o país, com os meios de que dispõem. Detêm a maioria das empresas de comunicação social e aí engendram tudo e mais alguma coisa que de mau possa parecer. O que é estranho é que são ajudados por pseudo-esquerdistas, tais como Rosas historiadores, ainda por cima, comportando-se como analfabetos políticos, quando deveriam saber o que aconteceu em épocas idênticas, e qual foi o resultado. A irresponsabilidade política parece ser mais forte. Pressente-se, lê-se, abertamente, um casamento a três (só não sabemos se é entre um macho e duas fêmeas ou se entre dois machos e uma fêmea, o que, em qualquer dos casos, no final do cozinhado, pelo menos um dos nubentes sairá prejudicado), a oposição que se sente maioritária, o sector conservador da igreja e esse tal jornalismo parolo que se quer substituir na "hierarquia" do poder como um dos três principais pilares da democracia. Os representantes do império sabem que já falta pouco para retomarem, novamente, o controlo total da vida do país. É por isso que a luta intestina no seio dos católicos está um pouco adormecia, embora já se sintam resquícios entre conservadores e progressistas. Apenas a justiça ainda lhes escapa na sua quase totalidade. Por isso lançam para a arena determinadas imbecilidades, algumas a quem favoreceram na constituição de empresas de comunicação social, e que apenas se entretêm a destruir a imagem dos políticos eleitos e a descaracterização do sistema judicial. É (já foi) constrangedor ver personagens que ocupam altos cargos na justiça, e que deveriam por isso merecer o respeito de todos os portugueses, a serem atirados à lama, uns contra os outros (quiçá alguns com cargos subordinados na hierarquia do sistema judicial), directamente na comunicação social. Essa investidas nos média deixam-nos a impressão que todos os incompetentes deste país foram parar aos comandos do sistema judicial. Esperemos que um dia acordem e façam crer ao povo português que não é assim. Coitado do povo português! "Não te respeitam, nem àqueles que elegeste, e estão a destruir os que te poderiam valer pela justiça". O paradoxo da democracia desenrola-se aqui e agora. .

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

---------------RATING ESPECULATIVO---------------

No rescaldo da crise financeira internacional, eis que surgem as perturbações políticas internas, devido ao défice público excessivo (?), provocadas mais por motivos eleitoralistas do que pelos efeitos negativos que daí possam advir. Mais parece um cozinhado político com todos, fervendo em lume brando, para melhor solidificar a cozedura, em que há vários grupos interessados em antecipar o final da legislatura para se lançarem, depois, ao repasto e ver quem melhor saboreia a sobremesa. Haverá sobremesa? Os jornalistas acreditam ..., para isso trabalham arduamente, contra Sócrates e contra os interesses do país (tentativa de golpe de estado ... e nada mais interessa). Talvez sejam apenas motivos de estratégia política mas, o que parece é que a responsabilidade pelo futuro dos portugueses não existe. No plano interno luta-se intensamente para que nada corra bem, com essas lutas que, por vezes, mais parecem jogos de futebol entre miúdos onde as estratégias para ganhar não são idealizadas por que o que é necessário é correr atrás da bola. Que irresponsável divertimento pelo insucesso do país. No plano "externo", isto é, ao nível da União Europeia (que mais parece uma desunião), tudo indica que ainda não se entrou no século XXI (o estado da União ainda é um embrião), nem se admite, ainda, qualquer opção de acção conjunta em matéria de jogos financeiros internacionais. Cada um tem de resolver os seus problemas. Apesar do peso da União Europeia nas consciências das economias mundiais, as decisões sobre quem é o quê, e quem paga quanto, são ditadas a partir do outro lado do Atlântico, com apoio de alguns interesses no interior da própria União. A bolha especulativa rebentou nos EUA. Os seus reflexos "negativos" no resto do mundo são conhecidos. As agências de rating estão lá sediadas. Actuam à revelia dos interesses dos outros países e, como sempre foi visível, as classificações de solvência, ou não, são unicamente relativas ao resto do mundo. Qual seria o rating atribuído aos EUA, mediante aquele descalabro financeiro e enorme desequilíbrio das contas públicas? No fundo, os norte-americanos têm razão: quanto aos seus interesses não são masoquistas visto que a atribuição de classificações de riscos de solvibilidade aos outros países é do seu único interesse. Serão sempre os principais beneficiários do aumento de juros em função de uma baixa na classificação do rating. O tal masoquismo financeiro existe na Europa, o que é uma vergonha para os europeus, onde existem também alguns interessados em que subam os juros para alguns países da própria União. É uma união europeia contra a União Europeia. Que lástima! E o que dizem as principais entidades da União sobre o problema? Nada já era bom! Confirma, e tudo indica que apoiam, de viva voz, as intenções dos exploradores financeiros dos europeus (conhecem um tal Almunia?). Em relação à Comissão Europeia já sabemos que a subordinação aos EUA é total. Sobre o Parlamento europeu, nada se sabe do que pensam sobre o assunto, limitam-se a encolher os ombros como quem foge ao assunto que, se questionado ..., pode colocar problemas e o mandato tem de chegar ao fim sem problemas. Nada se sabe deste orgão sobre os mercados. E os senhores do BCE, também não há nada a dizer? Para que serve um banco central europeu? Os agentes dos principais emprestadores classificam os países da União como muito bem entendem. Aproveitam muito bem (a desunião) para aumentarem o seu rendimento financeiro, sugado aos países da união que tem, tão só, a moeda mais forte do mundo. Os cidadãos da União Europeia gostariam de saber, em cada momento, qual o lugar que a Europa Ocidental ocupa na cena politico-económica mundial; que os seus interesses sejam defendidos de predadores "estrangeiros" é o mínimo que esperam dos seus representantes. Colaboração (entre democracias do mundo ocidental) não quer dizer subordinação. É necessário colocar em causa o bilateralismo, se uma das partes apenas se comporta como exploradora da outra. Não seria uma atitude consensual entre a União Europeia e o outro lado do Atlântico mas, como convinha, seria necessário marcar uma posição firme sobre a independência da União Europeia, o que parece não existir. No caso concreto da Grécia, o BCE (ou outra instituição ...) deveria dar a entender ao resto do mundo, e para que constasse: a Grécia é um país integrado na União Europeia, logo tudo o que disser respeito à resolução de problemas financeiros internos são da responsabilidade da própria União. Enquanto assim não for, isto é, enquanto não interiorizarmos que somos uma união monetária e financeira, outros, como está a acontecer, ditarão as regras e a nós resta-nos obedecer. Lamentável.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

--------- O ALEGRE PROBLEMA DO PS ---------

Há quatro anos, foi um problema ... A digestão parecia (e devia) ter sido concluída e as divergências esquecidas, vistas como acidentes de percurso. Por estranho que pareça, para quem não se aperceba (apercebeu) do que os bastidores engendram, não foi um problema apenas do PS, mas para toda a esquerda, que certamente deseja (desejava) eleger o PR. O problema aconteceu devido ao despropósito das divisões, e quem dividiu, perdeu. por esta via escrevi uma linhas sobre os meandros desse acto eleitoral e, quem não percebeu, paciência ... Agora, a um ano de novas eleições, temos uma Alegre antecipação. Que estranha forma de castigar o partido que ajudou a fundar. Todos temos o direito de mudar de ideias ou de rumo, no entanto, se isso acontecer, temos de ter a inteligência política suficiente para não prejudicar quem não quer seguir o mesmo rumo. A experiência, para um septuagenário, deveria ser mais forte que o desejo de ser PR, nomeadamente se, apesar desse desejo exacerbado, se aperceber que uma grande percentagem do colectivo irá ser prejudicada. Desta vez, seja qual for o candidato que o PS venha a apoiar (se vier ...), o que já se antecipou à revelia ... ou outro (candidatos com perfil não faltam), a esquerda já perdeu. A maioria do eleitorado português, nas condições que se avizinham, não votará em Alegre. Estes sinais de "derrota" eleitoral, novamente para a esquerda, trazem consigo um outro desastre: a inevitável queda eleitoral do PS, que irá para a oposição durante alguns anos e, se isso acontecer, será toda a esquerda que se afunda no lago das imbecilidades políticas, que são visíveis nas berrarias do dia-a-dia da "infantil" politiquice. Custa a crer, como é que um poeta, que por definição é sinónimo de saúde mental, se deixa envolver no jogo "sujo" de uma permanente campanha eleitoral, aparecendo como candidato de um pequeno partido, que quer continuar a crescer à custa do seu. Custa a crer mas é o que vai acontecer: o PS está a ser vítima de um "suicida político". O mínimo que se exigia era a desvinculação. Antes do"vislumbre" de qualquer resultado eleitoral, o PS já perdeu. Derrotado por um seu militante "praticamente" fundador. Senhores dirigentes do PS, em caso de confirmação de um tal cenário, o que dizem os estatutos do partido? Com esta candidatura intempestiva, à revelia do partido, o candidato, à partida já está derrotado e, assim, já existem duas vitórias com desfechos opostos. O BE já ganhou, derrotando o PS, também com a sua antecipação, tornando o Alegre seu candidato. No entanto, será uma vitória transformada em derrota para toda a esquerda, que fica sem qualquer hipótese de reeleger um PR. Por outro lado, o actual presidente já ganhou e, com isso, a direita volta a vê-lo reeleito. Eis como aquilo que em certos bastidores já se dava como certo, a possibilidade de não reeleição do actual PR, de um momento para o outro, a inabilidade política e os analfabetismos estratégicos acoplados a gritarias aberrantes, com palavras de ordem repetitivas e sem nexo, tornou possível, com alguma antecedência, uma reeleição que muitos, além do próprio, já não esperavam. Custa a crer e é confrangedor para qualquer eleitor que "tenha" (?) de votar num partido que se derrota a si próprio. São os democratas que temos! Ou me engano muito ou a partir de um qualquer mês de 2011, grandes cenários de alterações políticas se desenharão. Até lá, os bastidores que "desenharam" o desfecho eleitoral de há quatro anos não deixarão de prosseguir os seus intentos, sendo que esses sinais já se começaram a sentir, não apenas com a tal antecipação de um candidato, como o país voltará a aparecer nos escaparates como o pior do mundo, etc., levando a maioria, os mais fragilizados, a rezar de medo. É confrangedor, também, verificar que a ilusão de uma certa esquerda se confina à sua própria "estratégia", desligando-se de qualquer sentido prático quanto à resolução dos problemas do país. Para mim, não me resignado, só existe um cenário, novela politiqueira, que jamais desejaria que me acontecesse: vir a ser considerado, politicamente, como um "bom pateta Alegre", aquele que se derrota a si próprio e ao seu partido. Para bom entendedor, um militante político, seja de que partido for, deverá pensar, pelo menos duas vezes, antes de se lançar contra próprio, com a agravante de, a seguir ao 25 de Abril, tenha sido esse o veículo para a aquisição das condições de vida, "desafogada", em que se movimenta. Quem não se ajusta ao seu partido deve sair ou desaparecer de cena. .