sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

--------- O ALEGRE PROBLEMA DO PS ---------

Há quatro anos, foi um problema ... A digestão parecia (e devia) ter sido concluída e as divergências esquecidas, vistas como acidentes de percurso. Por estranho que pareça, para quem não se aperceba (apercebeu) do que os bastidores engendram, não foi um problema apenas do PS, mas para toda a esquerda, que certamente deseja (desejava) eleger o PR. O problema aconteceu devido ao despropósito das divisões, e quem dividiu, perdeu. por esta via escrevi uma linhas sobre os meandros desse acto eleitoral e, quem não percebeu, paciência ... Agora, a um ano de novas eleições, temos uma Alegre antecipação. Que estranha forma de castigar o partido que ajudou a fundar. Todos temos o direito de mudar de ideias ou de rumo, no entanto, se isso acontecer, temos de ter a inteligência política suficiente para não prejudicar quem não quer seguir o mesmo rumo. A experiência, para um septuagenário, deveria ser mais forte que o desejo de ser PR, nomeadamente se, apesar desse desejo exacerbado, se aperceber que uma grande percentagem do colectivo irá ser prejudicada. Desta vez, seja qual for o candidato que o PS venha a apoiar (se vier ...), o que já se antecipou à revelia ... ou outro (candidatos com perfil não faltam), a esquerda já perdeu. A maioria do eleitorado português, nas condições que se avizinham, não votará em Alegre. Estes sinais de "derrota" eleitoral, novamente para a esquerda, trazem consigo um outro desastre: a inevitável queda eleitoral do PS, que irá para a oposição durante alguns anos e, se isso acontecer, será toda a esquerda que se afunda no lago das imbecilidades políticas, que são visíveis nas berrarias do dia-a-dia da "infantil" politiquice. Custa a crer, como é que um poeta, que por definição é sinónimo de saúde mental, se deixa envolver no jogo "sujo" de uma permanente campanha eleitoral, aparecendo como candidato de um pequeno partido, que quer continuar a crescer à custa do seu. Custa a crer mas é o que vai acontecer: o PS está a ser vítima de um "suicida político". O mínimo que se exigia era a desvinculação. Antes do"vislumbre" de qualquer resultado eleitoral, o PS já perdeu. Derrotado por um seu militante "praticamente" fundador. Senhores dirigentes do PS, em caso de confirmação de um tal cenário, o que dizem os estatutos do partido? Com esta candidatura intempestiva, à revelia do partido, o candidato, à partida já está derrotado e, assim, já existem duas vitórias com desfechos opostos. O BE já ganhou, derrotando o PS, também com a sua antecipação, tornando o Alegre seu candidato. No entanto, será uma vitória transformada em derrota para toda a esquerda, que fica sem qualquer hipótese de reeleger um PR. Por outro lado, o actual presidente já ganhou e, com isso, a direita volta a vê-lo reeleito. Eis como aquilo que em certos bastidores já se dava como certo, a possibilidade de não reeleição do actual PR, de um momento para o outro, a inabilidade política e os analfabetismos estratégicos acoplados a gritarias aberrantes, com palavras de ordem repetitivas e sem nexo, tornou possível, com alguma antecedência, uma reeleição que muitos, além do próprio, já não esperavam. Custa a crer e é confrangedor para qualquer eleitor que "tenha" (?) de votar num partido que se derrota a si próprio. São os democratas que temos! Ou me engano muito ou a partir de um qualquer mês de 2011, grandes cenários de alterações políticas se desenharão. Até lá, os bastidores que "desenharam" o desfecho eleitoral de há quatro anos não deixarão de prosseguir os seus intentos, sendo que esses sinais já se começaram a sentir, não apenas com a tal antecipação de um candidato, como o país voltará a aparecer nos escaparates como o pior do mundo, etc., levando a maioria, os mais fragilizados, a rezar de medo. É confrangedor, também, verificar que a ilusão de uma certa esquerda se confina à sua própria "estratégia", desligando-se de qualquer sentido prático quanto à resolução dos problemas do país. Para mim, não me resignado, só existe um cenário, novela politiqueira, que jamais desejaria que me acontecesse: vir a ser considerado, politicamente, como um "bom pateta Alegre", aquele que se derrota a si próprio e ao seu partido. Para bom entendedor, um militante político, seja de que partido for, deverá pensar, pelo menos duas vezes, antes de se lançar contra próprio, com a agravante de, a seguir ao 25 de Abril, tenha sido esse o veículo para a aquisição das condições de vida, "desafogada", em que se movimenta. Quem não se ajusta ao seu partido deve sair ou desaparecer de cena. .