quinta-feira, 4 de março de 2010

---------- O PARADOXO DA DEMOCRACIA----------

Todo o paradigma, se forem desrespeitadas as regras que o definem, tende a desaparecer dos conceitos sociais e, consequentemente, começam a aparecer os desejos de mudança. Quando as regras que julgamos correctas são aviltadas, o resultado é um paradoxo. O paradoxo da democracia é alguém, ou grupo, servir-se dela para fins contrários aos que predispõe. Na Argélia, há alguns anos, "um movimento radical" que concorreu a eleições, ganhando-as declarava a seguir a sua abolição. O que não falta por esse mundo fora são exemplos de, em final de mandato, se alterarem as regras para a continuação num lugar que, por mandato popular, era limitado no tempo. Seja qual for o país, numa qualquer região do globo, que tenha adoptado a democracia como processo político para alargar a todos os seus cidadãos as liberdades reclamadas, é uma violência aterradora se houver um regresso a formas de ditadura. É sempre o povo a sofrer as consequências. Quando existiam os muros que sustinham o avanço da democracia europeia para os vizinhos de leste, tais como ex-URSS e ex- Jugoslávia, a LIBERDADE de os povos se exprimirem, esfumava-se ali por uma qualquer linha de fronteira. Quando essas linhas de opacidade caíram, a luta travou-se com bastante dureza e, desenrolando-se ali mesmo às portas da Europa Democrática, o mundo ocidental tinha de reagir. Sem atribuir a razão a qualquer dos "movimentos" em peleja, o que a Europa não podia era deixar que mesmo ali ao lado se cometessem atrocidades como se vivêssemos um século antes, mas também porque estava em causa a sua própria democracia. Tudo indica que esse perigo passou! E em Portugal? Esse tipo de paradoxo existirá? Em 1925/26 (nem de propósito (?), passava mais um centenário da criação do movimento católico (325 d c), transformado depois em império), isso aconteceu no nosso país. O que nós não sabíamos era de que modo é que o processo tinha sido levado à prática. Quais os meios utilizados para essa contra-revolução? Um dos mais contundentes, pelo menos durante cerca de quinze anos do principio da Primeira República, era a propaganda desestabilizadora, dirigida ao povo que, quase na sua totalidade analfabeto, se sentia cada vez mais desprotegido, cheio de medo e fome, tal que até o regresso à ditadura fazia todo o sentido. Não deixando governar e com a infiltração do polvo católico conservador, e todo o parasitismo que se agregava a todos os "movimentos", revolucionários ou não, era só destruir. E neste momento? O processo será o mesmo? A partir de 1985, dez anos após a revolução democrática, iniciou-se novamente a destruição de todo o edifício democrático em construção. Agora, com o desenvolvimento dos meios de comunicação, uma vez silenciosamente controlados, são um meio ainda mais eficaz para o efeito, repetindo-se os mesmos métodos, por meios idênticos aos utilizados no primeiro quartel do século XX. Analisando os média actuais, em Portugal tudo é mau, péssimo mesmo. É o pior país do mundo. Assistimos diariamente à intoxicação do povo, com propagandas que atiram o país para um beco sem saída. Institui-se, sem qualquer controlo, a desestabilização política, económica e social. E o Presidente de todos os portugueses? Não existe para analisar este processo? Segundo a Constituição não é ele o garante da estabilidade política? Deixemos este assunto ... A uma grande parte dos jornalistas, parolos (quem não quer ser lobo não lhe veste a pele), faz-se-lhes crer que são o terceiro poder, e portanto, toca a destruir a imagem e credibilidade, quer de políticos quer de magistrados. Não faltam diariamente referências a este propósito, perguntado-se (os mesmos que desestabilizam), em jeito de análise da situação política, se o Primeiro-Ministro ainda terá condições para governar e se determinados representantes do poder judicial não se deveriam demitir. Este tipo de desestabilização política, sendo veiculado pelos mesmos que fabricam as notícias alarmantes, demonstra que há grupos de interesses diferentes que se aproveitam dos mesmos "veículos". Não têm quaisquer problemas com os prejuízos que causam ao país. Os mesmos movimentos que destruíram as hipóteses da evolução democracia a partir de 1910, estão agora no terreno, com toda a eficácia. Determinada oposição, nomeadamente aquela que pode ter acesso ao poder político (que outra poderia ser?), desdobra-se numa fúria desenfreada, atirando o país para o fundo do que de pior existe no mundo, como se estivessemos fora da União Europeia e de qualquer efeito da globalização. Utilizam, sem quaisquer problemas, tudo o que possa prejudicar o país, com os meios de que dispõem. Detêm a maioria das empresas de comunicação social e aí engendram tudo e mais alguma coisa que de mau possa parecer. O que é estranho é que são ajudados por pseudo-esquerdistas, tais como Rosas historiadores, ainda por cima, comportando-se como analfabetos políticos, quando deveriam saber o que aconteceu em épocas idênticas, e qual foi o resultado. A irresponsabilidade política parece ser mais forte. Pressente-se, lê-se, abertamente, um casamento a três (só não sabemos se é entre um macho e duas fêmeas ou se entre dois machos e uma fêmea, o que, em qualquer dos casos, no final do cozinhado, pelo menos um dos nubentes sairá prejudicado), a oposição que se sente maioritária, o sector conservador da igreja e esse tal jornalismo parolo que se quer substituir na "hierarquia" do poder como um dos três principais pilares da democracia. Os representantes do império sabem que já falta pouco para retomarem, novamente, o controlo total da vida do país. É por isso que a luta intestina no seio dos católicos está um pouco adormecia, embora já se sintam resquícios entre conservadores e progressistas. Apenas a justiça ainda lhes escapa na sua quase totalidade. Por isso lançam para a arena determinadas imbecilidades, algumas a quem favoreceram na constituição de empresas de comunicação social, e que apenas se entretêm a destruir a imagem dos políticos eleitos e a descaracterização do sistema judicial. É (já foi) constrangedor ver personagens que ocupam altos cargos na justiça, e que deveriam por isso merecer o respeito de todos os portugueses, a serem atirados à lama, uns contra os outros (quiçá alguns com cargos subordinados na hierarquia do sistema judicial), directamente na comunicação social. Essa investidas nos média deixam-nos a impressão que todos os incompetentes deste país foram parar aos comandos do sistema judicial. Esperemos que um dia acordem e façam crer ao povo português que não é assim. Coitado do povo português! "Não te respeitam, nem àqueles que elegeste, e estão a destruir os que te poderiam valer pela justiça". O paradoxo da democracia desenrola-se aqui e agora. .