A ATIVIDADE LÓBI
LEGALIZAÇÃO?
Lóbi, um termo que não é bem aceite pela sociedade portuguesa,
diga-se, com alguma razão, porque quem atua na clandestinidade
demonstra sempre algo de pouco ético e muito pouca moralidade, ou
nenhuma. As más experiências que enfermam a vida dos portugueses,
quando sentem que quase tudo lhes corre pelo pior sem que as causa
venham à luz do dia, são sempre atribuídas, ainda que
silenciosamente, a quem tem o poder de influenciar os acontecimentos
sem que, “justificadamente”, possa ser acusado.
A legalização da “profissão de lóbi, acompanhada da respetiva
responsabilização, pode ser um tema a introduzir na discussão
política porque tem carater estruturante para a vida dos
portugueses, bem como introduziria um fator de clarificação no seio
da atividade dos média.
Embora a tentativa possa parecer uma intromissão na vida política
portuguesa se for considerada uma legislação importada, essa
atividade em Portugal, regulada por portuguesas e legislada por
portugueses de modo a que não se assemelhe a uma cópia importada,
por exemplo dos EUA, será um assunto interessante para a politica
portuguesa a vários níveis.
A título de exemplo, embora essa atividade não se resuma a isto, a
política portuguesa, no que se refere à sua ligação com as
atuações mediáticas, revela-se muito escura, com largo prejuízo
para a democracia portuguesa. Sabe-se que há grandes lóbis, muito
poderosos, mas atuando escondidos, com inteira liberdade da
influência na condução política e económica do país, de tal
modo que nem os próprios políticos sabem, pelo menos assim parece,
quem controla as suas ações e quem, no fundo, comanda o evoluir da
sociedade portuguesa.
A legislação dos lóbis poderia trazer mais claridade à democracia
portuguesa, caso a lei especificasse a responsabilidade de quem
influencia acontecimentos, nomeadamente os que são nefastos para as
diversas atividades dos portugueses, bem como para a clarificação
de quem, na sombra, se imiscui na independência do país. Os
portugueses sabem que há grupos clandestinos que interferem , não
apenas na área dos negócios mas manipulam a ação interna levando
o país à dependência política e económica como se de “novos”
colonizadores se tratasse.
A regulamentação dessa atividade poderia chegar como um “produto”
que iria aumentar as possibilidades de obtenção de mais “receita”
para os média. Normalmente, quer seja legal ou ilegal, a atividade
de lobísta, onde quer que exista, é muito lucrativa e isenta de
impostos. Quem quiser beneficiar da atividade dos lóbis, tem sempre
de pagar por isso. Então por que não legalizar a profissão?
Este tema não é despiciendo no que se refere à contabilização
para o PIB. Há muitos estudos no que se refere a atividades
clandestinas ou subterrâneas que na sua totalidade teriam uma
contribuição para o PIB na ordem dos 25%. Cálculos feitos sempre
por defeito, para não se errar, mas é minha convicção que toda
essa atividade não contabilizada andará, em Portugal, pelos 32%. A
atividade de lóbi é, com certeza, uma dessas, com um certo peso nas
atividades clandestinas. Os média sabem-no bem. Mas se lucram,
“alguns”, com isso, muito mais perderão, e além de não se
livrarem de uma certa dependência desses lóbis.
J Faustino.
25/10/2014.