segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O LADO BOM DA CRISE FINANCEIRA

Em 2007/2008, o mundo passou por uma expectativa muito má, especialmente para a maioria dos países, entre os mais pobres e emergentes. O aumento (artificial) do crude que ameaçava desestabilizar (e descontrolar) to- das as economias, nomeadamente as mais dependentes do petróleo, ameaçando, por essa via, o aumento geral dos preços, o desequilíbrio nas produtividades gera- is, além do baixo nível das expectativas dos agentes económicos e os consequen- tes aumentos do desemprego. Os anúncios da utilização dos produtos alimentares para o fabrico de combustí- veis ameaçava fazer (e fez) subir os preços das "commodities" mais de 50%, o que, na maioria dos países cujo comércio se baseia nos produtos agrícolas e pe- cuários, e em toda a população consumidora mundial, deixava um rasto de in- tranquilidade e péssimas desconfianças, quanto a esse aumento dos preços e a distribuição de alimentos em condições humanamente aceitáveis. Durante esta fase, nos EUA ter-se-ão criado mais alguns multimilionários visto que as multinacionais norte americanas controlam mais de 70% do comércio mundial do petróleo e têm efectivo "comando" sobre o andamento dos mercados dos preços agrícolas. Essa subida dos preços internacionais das "commodities" e do petróleo quase em simultâneo, com a desvalorização (artificial) do dólar, terão dado oportunidade a grandes transferências de "lucros" para interesses dos EUA, nomeadamente em euros. Mas há mercados que, sendo quase totalmente fictícios, não "suportados", ao me- nor "descuido" revelam-se catástrofes tremendas; "a bolha bolsista" rebentou nas "mãos" ... em Wall Street. Sem uma base real, esses mercados quase totalmente desregulados, afundam-se sem FED que lhes valha. Esta tempestade financeira que alguns apelidam erradamente de recessão econó- mica, nomeadamente jornalistas querendo lançar "trovoadas" sobre as populações com intuitos de enervarem a opinião pública, algumas informações sem nexo e bara- lhando em vez de esclarecerem, escarrapachando nos seus periódicos uma boa dose de analfabetismo militante na área da informação económica, acabou por ter o seu reverso e veio a repor os mercados, que estavam a ser manipulados, no devido lugar. Assim, o dólar norte americano deixou de desvalorizar-se, quando a percentagem de descida já se revelava escandalosa, e voltou a aproximar-se do seu real valor, como principal moeda base das trocas internacionais. Os preços do petróleo voltaram a baixar, aproximando-se de um valor mais ajus- tado às necessidades de desenvolvimento e equilíbrio da economia mundial, nunca tendo atingido os valores altíssimos que os "cães da pradaria" haviam anunciado, duzentos dólares, preparando os agentes económicos e a opinião pública para esse patamar. Até a "natureza" económica tem destas coisas; quando se sente desrespeitada em absoluto, num ápice repõe a sua verdade. Não há bolha que sempre dure. Os preços dos produtos de base agrícola retrocederam, fixando-se em níveis mais próximos dos valores em que se iniciaram as especulações quer bolsistas quer pela influência dos biocombustíveis. Nem tudo regressou ao seu sítio. Os preços da habitação eram insustentáveis em todo o mundo ocidental desenvolvido. Este problema mantém-se, apesar da crise apelidada de subprime, nome pomposo, sem que os preços desçam em todo o lado, isto é, sem que o mercado dê sinais de funcionar como devia. A teoria económica, no que se refere à oferta e à procura diz que, se esta última baixa os preços descem. Mas, no caso da construção em Portugal quer para habi- tação que para comércio, acontece o contrário. A procura está a descer há cerca de três anos, diz-se que não há quem queira ou possa comprar casa, mas os preços não baixaram nem um cêntimo. Prova evidente que há uma espécie de cartel que funciona, provavelmente ajudado pelos bancos. Quando um mercado não funciona correctamente alguma "coisa" está a actuar so- bre as suas variáveis. A crise financeira partiu dos EUA e, embora possa ter reflexos na chamada econo- mia real a nível mundial, essa eventualidade pode ser contida e menorizada. Bas- ta que a informação chegue correctamente à opinião pública mundial e seja escla- recedora. Por enquanto as classes menos favorecidas, a nível global, já beneficiaram com o "estoiro" da bolsa norte americana. Os preços que ameaçavam desestabilizar os bolsos dos mais débeis voltaram a descer. Mas há uma nota importante que deve ser tida em conta. Não se trata de uma crise capitalista no seu todo e no sentido efectivo do termo, como muitas vezes se escreve. Esta crise financeira foi um episódio localizado ali para as bandas de Wall Street, embora com reflexos em todas as ramificações mundiais. As insti- tuições capitalistas mantém-se intactas a nível global. Não se vislumbra "nova ordem" e já estarão a preparar o caminho para uma no- va bolha. Enquanto dura "alguém" é beneficiado. .

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O 1º "DESEJADO" GLOBAL! OBAMA?

Quando nos EUA se procedia à escolha dos candidatos, os republicanos que não tiveram, aparentemente, problemas na sua escolha, decidiram-se por um velho guerreiro, McCain. Em contraste, os democratas demoraram a escolher o seu candidato, expla- nando argumentos entre Hillary e Obama, como se de uma eleição geral se tratasse. Os republicanos, como não tiveram o tempo geral de antena, em campanha para as primárias, devido à rapidez de escolha, jogaram com esse hiato de tempo para influenciarem a escolha do adversário, candidato à Casa Branca. Dizia-se nos bastidores que, se Hillary fosse a candidata dos democratas, uma parte dos republicanos iria votar nela por não se reverem em McCain. A estra- tégia passou então a ser a desacreditação de Hillary porque também se dizia que, se Obama fosse o candidato, muitos democratas não votariam nele devido a sentimentos rácicos. Tudo parecia decorrer de feição para os republicanos não fora a sempre des- prezada "variável" tempo que tudo pode modificar, difícil de prever e muito menos de controlar, quando esta resolve alterar a linearidade dos acontecimen- tos previstos e debitar factos novos para a cena política. O imprevisto (para a maioria) rebentamento da "bolha" aí está para amenizar as euforias. Quando o "balão" rebentou fez mais estragos de um lado do que do outro. A desmedida euforia bolsista que produzia multimilionários suportados em coisa nenhuma, embora se diga que afectou todos os americanos, quer de uma quer de outra facção política, feriu de morte a ideologia republicana, partidária da li- berdade total dos mercados. Todos estes acontecimentos, largamente difundidos pelos média em todos os países, fizeram aparecer o primeiro homem que o mundo inteiro deseja ver à frente dos destinos de um país, como se se tratasse da primeira eleição global. Agora que se aproximam as eleições, sejam quais forem os resultados, nada de bom se seguirá para os republicanos. Se McCain ganhar (da secretaria nunca se sabe o que vai sair) obtém em simul- tâneo uma vitória e uma derrota para os republicanos: a vitória gisada estra- tegicamente para que Obama fosse o candidato dos democratas mas um rom- bo enorme na sua ideologia, e credibilidade, já consagrada pelo desmoronar dos sistemas de mercado sem um mínimo de regulamentação. Se Obama ganhar, os republicanos averbarão três derrotas em simultâneo: uma pela estratégia de apoio (durante as primárias) a Obama contra Hillary e outro pela eleição do próprio Obama. A terceira verificar-se-á sempre, já referida, relativa às teses republicanas para a economia e mercados. Não sen- do de desprezar as suas teses de guerra retrogradas. Doravante nada será como dantes no "reino" daquele império bélico, até por- que essas tropelias republicanas acabaram por acelerar uma revolução global: o acentuar de uma multipolaridade nos poderes mundiais. O que irão fazer os norte americanos com este mundo problemático do qual foram os principais obreiros? .