No rescaldo da crise financeira internacional, eis que surgem as perturbações políticas internas, devido ao défice público excessivo (?), provocadas mais por motivos eleitoralistas do que pelos efeitos negativos que daí possam advir. Mais parece um cozinhado político com todos, fervendo em lume brando, para melhor solidificar a cozedura, em que há vários grupos interessados em antecipar o final da legislatura para se lançarem, depois, ao repasto e ver quem melhor saboreia a sobremesa.
Haverá sobremesa? Os jornalistas acreditam ..., para isso trabalham arduamente, contra Sócrates e contra os interesses do país (tentativa de golpe de estado ... e nada mais interessa).
Talvez sejam apenas motivos de estratégia política mas, o que parece é que a responsabilidade pelo futuro dos portugueses não existe. No plano interno luta-se intensamente para que nada corra bem, com essas lutas que, por vezes, mais parecem jogos de futebol entre miúdos onde as estratégias para ganhar não são idealizadas por que o que é necessário é correr atrás da bola. Que irresponsável divertimento pelo insucesso do país.
No plano "externo", isto é, ao nível da União Europeia (que mais parece uma desunião), tudo indica que ainda não se entrou no século XXI (o estado da União ainda é um embrião), nem se admite, ainda, qualquer opção de acção conjunta em matéria de jogos financeiros internacionais. Cada um tem de resolver os seus problemas.
Apesar do peso da União Europeia nas consciências das economias mundiais, as decisões sobre quem é o quê, e quem paga quanto, são ditadas a partir do outro lado do Atlântico, com apoio de alguns interesses no interior da própria União.
A bolha especulativa rebentou nos EUA. Os seus reflexos "negativos" no resto do mundo são conhecidos. As agências de rating estão lá sediadas. Actuam à revelia dos interesses dos outros países e, como sempre foi visível, as classificações de solvência, ou não, são unicamente relativas ao resto do mundo.
Qual seria o rating atribuído aos EUA, mediante aquele descalabro financeiro e enorme desequilíbrio das contas públicas?
No fundo, os norte-americanos têm razão: quanto aos seus interesses não são masoquistas visto que a atribuição de classificações de riscos de solvibilidade aos outros países é do seu único interesse. Serão sempre os principais beneficiários do aumento de juros em função de uma baixa na classificação do rating. O tal masoquismo financeiro existe na Europa, o que é uma vergonha para os europeus, onde existem também alguns interessados em que subam os juros para alguns países da própria União.
É uma união europeia contra a União Europeia. Que lástima!
E o que dizem as principais entidades da União sobre o problema? Nada já era bom! Confirma, e tudo indica que apoiam, de viva voz, as intenções dos exploradores financeiros dos europeus (conhecem um tal Almunia?).
Em relação à Comissão Europeia já sabemos que a subordinação aos EUA é total. Sobre o Parlamento europeu, nada se sabe do que pensam sobre o assunto, limitam-se a encolher os ombros como quem foge ao assunto que, se questionado ..., pode colocar problemas e o mandato tem de chegar ao fim sem problemas. Nada se sabe deste orgão sobre os mercados.
E os senhores do BCE, também não há nada a dizer? Para que serve um banco central europeu?
Os agentes dos principais emprestadores classificam os países da União como muito bem entendem. Aproveitam muito bem (a desunião) para aumentarem o seu rendimento financeiro, sugado aos países da união que tem, tão só, a moeda mais forte do mundo.
Os cidadãos da União Europeia gostariam de saber, em cada momento, qual o lugar que a Europa Ocidental ocupa na cena politico-económica mundial; que os seus interesses sejam defendidos de predadores "estrangeiros" é o mínimo que esperam dos seus representantes.
Colaboração (entre democracias do mundo ocidental) não quer dizer subordinação. É necessário colocar em causa o bilateralismo, se uma das partes apenas se comporta como exploradora da outra.
Não seria uma atitude consensual entre a União Europeia e o outro lado do Atlântico mas, como convinha, seria necessário marcar uma posição firme sobre a independência da União Europeia, o que parece não existir. No caso concreto da Grécia, o BCE (ou outra instituição ...) deveria dar a entender ao resto do mundo, e para que constasse: a Grécia é um país integrado na União Europeia, logo tudo o que disser respeito à resolução de problemas financeiros internos são da responsabilidade da própria União.
Enquanto assim não for, isto é, enquanto não interiorizarmos que somos uma união monetária e financeira, outros, como está a acontecer, ditarão as regras e a nós resta-nos obedecer.
Lamentável.
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