quinta-feira, 1 de maio de 2008

O CONHECIMENTO E A HISTÓRIA

O Sr. Presidente da República "mostrou-se apreensivo pelo facto dos jovens portugueses entre os 15 e os 19 anos e ... os 29, se mostrarem, praticamente, analfabetos em relação à política ..." O estudo que ele próprio terá encomendado à Universidade Católica (a que outra instituição haveria de ser?), a avaliar pela data do propósito e o contexto em que foi exposto ao público, parece querer culpar algo ou alguém (?) pelo "alheamento" de certas camadas jovens da política. Obviamente que a culpa de certo estádio de desenvolvimento social em dado momento, nunca é do "veículo" avaliador ou de quem manda avaliar mas, sem que certezas se tenham, haverá sempre "suspeitos insuspeitáveis" para que a culpa possa morrer solteira. De quem é a culpa de uma grande parte dos jovens portugueses de hoje se alhear da política? Todos sabemos que, neste mundo, em matéria de ganhos e perdas civilizacionais, mesmo em períodos de "safra e incertezas climáticas", só colhe quem semeia. Uma sementeira de batatas nunca produziu trigo. Além disso, terá a sementeira sido feita em bom tempo? Os conhecimentos e a preparação para o aumento constante do conhecimento não se faz em dois dias. Se estivermos a falar de política ..., nem numa legislatura de quatro anos... O desenvolvimento geral de uma geração demora tantos anos quantos aqueles para os quais já é possível fazer a tal sondagem de "averiguação" de conhecimentos dos visados; dez, quinze, vinte, vinte e cinco e mais anos. Escolhamos um período qualquer! Quem estava no poder (político?) no momento, com possibilidades de lançar a tal sementeira? Saber quem terá sido não seria difícil. O problema é saber quem terá influenciado o poder político desse momento. São as actuais explicações mais ou menos absurdas lançadas na imprensa que distorcem os caminhos para se encontrarem os verdadeiros responsáveis políticos da situação. Claro que o Sr. Presidente da República sabe muito bem quem foi durante todo o seu percurso político mas não tem de se justificar. A sua iniciativa, louvável, apenas nos lembrou que no passado não se tomaram as correctas medidas de política. É necessário lembrar isso aos portugueses. É claro, também, que já poucos se lembram da revolução de 1974 e, para ajudar a esse estado geral de desconhecimento, mesmo nos de mais idade e com mais atenção dada à política, apenas uma ínfima parte sabe da "revolução" de 1984/85. É da "História".

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