Li hoje num jornal diário uma entrevista ao Dr. Vítor Bento, acerca do lançamento de um seu livro de economia. Não posso conhecer o conteúdo do livro porque na entrevista não vai além de umas quantas respostas a outras tantas perguntas daquelas corriqueiras que circulam por aí nas gritarias dos média falados e escritos. Se juntar o conteúdo desta entrevista ao conteúdo de um livro recentemente editado, a pedido, segundo o autor, sobre a Economia Portuguesa nas últimas décadas, de Luciano Amaral, onde o que dizem algumas estatísticas contrasta com a parte final em que se resume, ou se dá a opinião final contrária ao que se extrai da verdade dos números, mais parecem romances encomendados para terem um final arrasador do que o primor ético que um economista deve ter em prejuízo da politiquice.
Como não é possível analisar neste espaço e por esta via comunicacional todo o conteúdo da entrevista, ficar-me-ei pelo conteúdo alegórico do nó cego.
... existe, de fato, um nó cego na sociedade portuguesa há alguns séculos, não apenas desde 1990, como diz VB, e que causa problemas à Economia Portuguesa como reflexo desse estrangulamento mas, não aquele que o entrevistado identifica. O problema é mais "sofisticado" e, em termos analíticos, muito mais difícil de "desapertar". É necessário saber história e não apenas a económica.
Hemorragia hoje? Não senhor economista! Essa é que começou, de fato, por volta de 1990, e desde então jamais houve concerto possível.
- Talvez que este venturoso economista tenha alguma coisa a ver com aquele período. Estou a especular porque não tenho a certeza, e nunca se sabe muito bem por que correm certas juventudes, quando correm, mas as identidades políticas sugerem que não andarei muito longe da realidade -.
Em economia, quando se é jovem, interessa mais a ideologia do momento (espécie de) que os efeitos práticos de uma teoria recentemente aprendida, mas que na prática, por uma razão ou outra, não se confirma.
Os livros de grandes autores nunca refletem (nem podiam) concretamente uma realidade posterior, e não é fácil juntar-se aquilo que se aprendeu com essas leituras para se resolverem problemas do momento. A maturidade será sempre boa conselheira.
Claro que nesse princípio de década, a ferida começou a alastrar e a sua abrangência em meados da mesma só poderia acabar na tal hemorragia com que agora, outros, se debatem com problemas para a tentarem estancar, sem possibilidades de voltar a 1990 para emendar o erro.
O que aquele economista identifica, seria de fácil resolução, evitando recorrer a análises superficiais, do tipo das que poluem os média falados e escritos por esse país fora, como se "gerir" a economia de um país fosse uma brincadeira de jovens à procura de emprego e de jornalistas pouco revestidos de responsabilidade, cujo único objetivo é a afirmação de um poder sem escrúpulos de um lado, e a venda de jornais e captação de audiências de outro. (Ainda não deitaram o governo abaixo!)
O que VB propõe, em concreto, seria uma alteração de política económica para se passar de um "nó cego" a um "nó aselha", em que os menos entendidos na matéria o desapertariam com a maior das facilidades para colocarem a roleta do privado (não o privado enquanto tal) a transferir o ónus das crises para o comum dos desfavorecidos, com anúncios de grandes "jackpots" mas que nunca saem a quem quer que seja.
A visão económica de que é com empresários muito ricos (em poder financeiro) que se constroem as sociedades livres, democráticas e de nível social avançado é um conceito do passado e com ciclos de má memória, além de sempre se ter verificado o contrario daquilo que o vulgo sempre espera. Essa visão indica que há economistas que tentam, sem se inibirem de analisar a economia à "luz" (ou às escuras) de uma visão meramente política, sem fundamento quanto ao estado atual da redes internacionais que ditam as suas leis, e sem uma análise aprofundada das causas do aqui e agora, o que, obviamente, faz com que as conclusões sejam uma panóplia de resultados enviesados, ajudando a aumentar os problemas da Economia Portuguesa.
Baixa de salários em Portugal para viabilizar a economia? Ou como diz VB para que se possa encetar a via do crescimento? Estará ele na China e não nos disse nada? Qual os reflexos de uma tal política?
Melhor seria que explicasse no seu livro de economia, o que é isso de crescimento. Será acertar no euromilhões?
Espero que o Sr. PR filtre as opiniões de certos Conselheiros, pelo menos em matéria de economia, senão arrisca-se, quiçá, muito brevemente, a sofrer um retrocesso no apoio que o público português lhe dispensa, pelo menos aquela parte, que não é pequena e que receia que lhe reduzam os parcos salários.
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18/10/2010.
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