quinta-feira, 19 de agosto de 2010

-----------PARADOXOS E PARADIGMAS-----------

Na arena política, com a vedação central de tábuas podres, em que se transformou o país, o "Pontal" está para o Algarve, no que refere à "disenteria festiva" anual do PPD/PSD, como a festa anual do "Avante" está para o país, no que se refere à descarga ventosa nessa feirante baía do Seixal. Os primeiros, cada vez que têm oportunidade de se fazerem ouvir através dos watts de saída que as colunas mediáticas colocam à sua disposição, se não me engano é todos os dias, tentam uma desintoxicação dos ventrículos, difundindo lástimas (com lágrimas ...) sobre "este pior país do mundo" cuja população estará, na sua totalidade, a morrer de fome. O povo pronunciou-se há pouco tempo, ditou resultados, mas ter-se-á equivocado. O que estas vozes acutilantes quererão dizer é que é necessário corrigir o povo, que será o próprio culpado de ser analfabeto. Nunca perceberá de política, por isso tem de ter um tutor. A avalanche nortenha, de séculos a séculos sai do bairro e atira-se às águas que correm sempre para qualquer sítio mais abaixo ... Não fora o sol e a praia no Agosto algarvio e nem "botas" nem "macários" botariam a boca no "trombone". Isto de acesso a poleiros só para lá do Mondego. Os mouros ou pedintes do Sul que se fiquem pelo burgo. Os segundos descarregam em cada momento que se lhes aproxima um microfone, todas a suas raivas e recalcamentos, excessos de testosterona acumulada desde há trinta e cinco anos, quando não conseguiram levar a "República " para a cama e depois devolve-la com outros trajos. Daí a necessidade de deitarem ao vento todos esses recalcamentos que se traduzem sempre nos mesmos sons, tornando a música tão corriqueira que não há quem lhe queira dar ouvidos. Nota-se até nos próprios, que de tanto imitarem o galo até já cantam com notas mudas. O que é necessário é "derrotar" seja o que for. O inimigo subjacente é o mesmo que até ao momento dos cravos os empurraram para a então clandestinidade e que julgam ainda "pidescarem" aí por qualquer esquina. Tudo se passa como se pressentissem um inimigo à solta mas, como é apenas pressentimento, despromove-se quem se julga que ocupa o lugar. É possível que tenham razão mas, como desconhecem ou demonstram desconhecer em absoluto, onde está o principal inimigo, uma vez que apenas é apontado em abstrato, as suas prováveis boas intenções ficam-se pelas "carícias ao nosso povo". Na maioria ( a que deveria existir de fato ...) não se detecta um recado que tente esclarecer e sossegar verdadeiramente quem na plebe tem dúvidas sobre as gritarias que ofuscam a realidade. As vias de acesso aos promontórios da divulgação secaram e, não podendo o barco navegar, ainda que à vista mas de acordo com quem comanda ao leme, parece andar à deriva num mar que todos desconhecemos: não ouviram ... não comentam, não informaram ... não sabem, não estavam lá ... desconhecem ... Se não há acutilância no que deve ser esclarecido, ainda que com alguma dose de arrogância, permite-se que o acusador sentencie. Aos outros dois partidozecos nada mais lhes é conhecido do que ruído, cada um com as suas dislexias verborreicas, monótonas e sem conteúdo palpável. Ficam-se apenas pelo ditado visto que em prosa parlatória, inovadora ou de conteúdo ... nada se vislumbra. Permita-me o meu amigo BB que acrescente uma pequena "definição" a uma passagem do seu extraordinário artigo no DN: "... Vai sendo hábito afirmar desatinos que deixam os social-democratas, aliás direita liberal, embevecidos e os socialista, aliás social-democratas, irritados", que esta coisa de esquerda e direita anda muito confusa e, senão de fato, por vezes inverte-se o eixo cartesiano. Tornou-se hábito na "vox populi" empregar o termo paradigma para tudo e mais alguma coisa. Logo se vê que bem poucos sabem consultar um dicionário, nomeadamente os que têm voz nas sinfonias mediáticas. O que se nota no funcionamento da sociedade portuguesa, mais propriamente na política, é uma sucessão de paradoxos interligados. Mas mais importante do que esta crítica: será que um dia os dez milhões de amorfos lusitanos vão descobrir o seu inimigo comum? J Faustino.

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