segunda-feira, 5 de novembro de 2007

PARALISIA PSICO-POLÍTICA

Manuel Alegre; como é possível? Uma das atitudes que um verdadeiro democrata, inconformado com a situação política (como é M. A.), nunca deverá tomar, é trilhar os mesmos caminhos dos seus inimigos. Será muito difícil fazer a defesa dos mais desfavorecidos na companhia dos opressores. Volta-e-meia vem a público o problema de M. A. e a sua conduta perante os problemas que a nossa democracia, e a esquerda, enfrentam. Procedeu mal, dizem uns, foi corajoso, dizem outros e ainda, é irreverente e contestatário e isso faz falta à democracia. Pois faz! Mas quando é que essa irreverência e manifestação de inconformismo devem aparecer na discussão pública para alertar o povo, como se presume que é sua intenção, sobre aquilo que se vai construindo nos bastidores á sua revelia? É uma questão de "staff". Um homem mal acompanhado é sempre um deserto de ideias. O que um "revolucionário" nunca deve fazer é, mesmo que determinadas correntes lhe abram as portas da contestação de par em par, derrotar o seu próprio partido, com grande estrondo como foi o caso da co-incineração, ou derrotar o povo que quer defender, como foi o caso da sua candidatura a P.R. Alguns colunistas, como Medeiros Ferreira, disseram que, após as eleições presidenciais, deveria ter saído do partido ou deveria ter formado um partido novo. Deveria? Deveria se ...! Se M.A. tivesse percebido o que estava em jogo e, ainda que posteriormente, se tivesse apercebido como foi usado, não sei que atitude tomaria. De qualquer modo as águas acalmaram. Os mesmos colunistas não perceberam nada do que aconteceu. Não formou um partido porquê? Porque quem se lhe "apegou" para não o deixar desistir da candidatura estava incumbido dessa missão. Mas, logo após o término da campanha essa colagem terminou. No dia da eleição os votos foram parar a outro candicato. Não há exército sem tropas e muito menos a sua formação se faz sem generais ou com generais de capoeira: logo que outro galo cante deixam todos de cacarejar. Claro que outras tantas personalidades foram incumbidas de se colarem a M. Soares, mas este tinha conhecimento do que se estava a passar e, não podendo "excomungar" ninguém, por razões que não são para explicar aqui, sofreu que foi um "dó-d'alma". Também é claro que no dia da votação os respectivos votos foram parar ao outro candidato. M. Alegre, não percebendo que o que estava em causa era a divisão do votos do PS, caso contrário nenhum outro candidato teria tido possibilidades da sair vencedor, acabou derrotando não apenas o PS, nem apenas a si próprio, nem sequer apenas M. Soares mas sim o povo Português. Depois de algumas manifestações, muito pouco inteligentes, de apaniguados..., montados naquele milhão de votos, cairam em si e acabou-se o "movimento". Sabe-se que ainda tem nome mas não passa disso. Há um buraco negro na esquerda? Pois há! Isso M. Alegre sabe, por que se enterrou todo nele. Resta saber qual a força que atrai, para a sua borda de influência, todas as franjas da democracia e o que ou quém cai lá dentro. Como é possível que aquele a quem os democratas devem os maiores elogios por ter acordado Portugal, com a sua voz, face às mordaças que Deus lhe impunha, esteja agora num psico-drama político, dominado por aqueles que a sua juventude combateu? Um democrata com o valor que a história lhe reserva não pode cair num tal ridículo político, nem nunca se deveria permitir influências de auto-suicídio. Claro que é difícil porque esse inimigo estudou bem os caminhos a seguir para vingar a humilhação sofrida com o 25 de Abril. Esse inimigo assim o prometeu em certos momentos, declarações apenas perceptíveis para alguns. E assim tem acontecido. Todos os revolucionários que precipitaram o 25 de Abril, à revelia de Deus, sofreram as suas consequências. Uns foram levados mais cedo, com doenças mais ou menos fatais. Outros já foram vingados na praça pública, com todo o ridículo da situação. Deixemos isso para os historiadores que terão muito que contar se as fontes não secarem e estiverem acessíveis. O que eu não esperava era uma paralisia psico-política de quem sempre se mostrou inteligente. Creio que se houver uma próxima as companhias serão filtradas. Para M. Alegre junto a minha voz à de muitos democratas: reforme-se quanto antes. As saídas devem acontecer sempre pela porta grande. Um bem-haja.

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