sexta-feira, 23 de julho de 2010

-----------A CPLP E A GUINÉ EQUATORIAL-----------

Amigo Mia Couto, é justíssima a tua preocupação.
Ficámos cheios, e de bem conhecer o que é um regime ditatorial, mas lembra-te de algo mais, para além desse importante sentimento; existe sempre um povo que sofre perante a existência de uma ditadura, seja em que continente ou lugar do mundo.
Vives diariamente um casamento do qual jamais te poderás divorciar até ao fim dos teus dias; a língua portuguesa.
Sendo a língua mais rica do mundo e da qual tens o privilégio de te servires, no bom sentido, para exprimires as tuas preocupações, visões do mundo, etc., é também aquela que necessita de toda a liberdade para que o mundo conheça todas as inquietudes sociais de quem a usa, e com ela tece os fios condutores que divulgam regras de boa convivência, e que ajudam a harmonizar a luta pela libertação dos povos.
Aqueles que ainda são bafejados pela má sorte de viverem subjugados, não devem ser por nós sacrificados só porque em dado momento um ditador se instalou no lugar onde se pode mexer e distorcer os caminhos da liberdade.
Faz um pequeno sacrifício e permite que durante algum tempo esse espírito execrável de ditador, que tira a liberdade ao povo que o sustenta, seja ele próprio que aos poucos vá gerindo uma onda que facilite o caminho para a integração no nosso sistema livre, de amplitude universal, e que, por abranger praticamente todos os continentes, aí se vá moldando e ajustando aos desígnios do mundo democrático, ou que ao menos constitua uma luzinha de esperança para aquele povo.
A nossa, CPLP, não voltará a um tempo de má memória porque sobre as suas cinzas conquistámos a nossa liberdade, pelo menos a de poder "dizer". Ao invés, aquele povo tão necessitado da tua, nossa, ajuda, merece um pouco de sacrifício para que com maior celeridade aqueles dias se percebam.
O facto de aparecerem "negócios" pelo meio, para além de uma exploração cujos benefícios se "esquecem" do povo, pode constituir um veículo para transformações sociais. É necessário que os espíritos livres, como o teu, estejam atentos ao momento.
Sendo eu amante dessa liberdade, por que para quem escreve, e nomeadamente faz poesia, esse aparente nada é um alimento diário. Então, como abomino as ditaduras ou os impérios sejam quais forem as formas ou as justificações que os sustentam, também reconheço que a maioria dos povos a sul da Sara necessitam de um órgão administrativo central que os proteja e ao mesmo tempo ponha rédea, quiçá pela diversidade tribal ou outras facções que se digladiam e que compõem essas sociedades ainda pouco evoluídas.
Entendamos esse sacrifício da integração (observação) como uma ajuda para que o povo da Guiné Equatorial se liberte.
Quanto àquilo que penso sobre o que dessa integração possa advir, resume-se a uma máxima que deveria ser comum a todos os escritores e povos livres: "solidariedade para com todos os povos do mundo".
E, ainda em jeito de conclusão, se rejeitamos sem mais, pedidos de adesão, não fará qualquer sentido aprovarmos planos de promoção da língua portuguesa no mundo.
Boas leituras.
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