sábado, 22 de dezembro de 2012

------------PORTUGAL NAUFRAGADO --------------


Em finais de ano esquecemos
toda a purga malfeitora
política destruidora
mesmo assim bem desejamos.


Nesta Europa de alegorias, sofismas, boatos, mentiras, vitima de saques e de extorsões legaliza­das pelo fechar de olhos dos seus dirigentes ao serviço de terceiros, não existe qualquer reação aos ataques externos à sua soberania, com sérios prejuízos para os seus cidadãos.
Assim Portugal não escapa a essas intentonas, sendo vítima das suas próprias vulnerabilidades, numa clara perda de independência, como se num regresso ao século XVI, em que nem as profis­sões nem as produções de base eram livres de se auto sustentarem.
Entre seareiros e moleiros existe uma eólica disfunção: se a uns falta o sopro … os outros não proporcionam o pão.
Entre ferreiros e alquimistas existe uma forja onde o carvão não fogueia e a areia não caldeia: sem a procura da transformação das limalhas em ouro, acabou-se a ilusão.
Os almocreves ficam a meio caminho, de rumo perdido, desorientados pelos ventos descontrola­dos que sopram de quadrantes contrários. Erram nas políticas que apontam vias íngremes e os bur­ros recusam transportar as altas cargas. Os donos das portagens, devido à escassez da passagem de caminheiros, aplicam altas taxas aos que tentam prosseguir os seus próprios caminhos.
Os “portugas”, apelidados de tudo o que de pior existe na nomenclatura de uma rastejante políti­ca, resta-lhes continuar pobrezinhos, coitadinhos, aos sabor das vozes do adro, onde os votos de po­breza são anestésicos de resignação. Resta-lhes esperar que apareçam políticos com inteligência própria, em que se assumam mais como patriotas do que amigos unicamente de si próprios, onde os bolsos valham menos que os acenos dos transportadores de enormes registos da finança informática, vinda de fora, vampiros que voam à velocidade da luz, mitigando esperanças, retornando com o sa­que de sangue dos pobres desamparados, que se moem a si mesmos em torturas, orientados por gui­as que não entendem.
O Portugal independente, sonhado por uns e ainda desejado por outros, aqueles que sabem histó­ria, jamais o será. Se este cantinho continuar definhando pelas correntes submersas onde as “troi­kas”, não apenas as de hoje mas as de sempre, em jogo combinado o mantêm sob garras imperiais que, como o tubarão invisível das profundezas, abocanham as presas distraídas à superfície.
Portugal está fundido por essa massa agregadora de seareiros, almocreves e alquimistas da me­dalhística transformação do século XXI, copiando os métodos vindos do final do século XVI, os que lavam mediaticamente o coletivo, e ao mesmo tempo, donos das portagens para outra margem, único lugar de onde poderia partir para o início de novas etapas. Até lá têm de contentar-se com o cheiro das disfunções eólicas, baforadas, que “ministrosos” e outros que o não são, uns vindo de outras paragens, enviados para que o saque siga em segurança, e outros, de bem mais perto, para assegurarem que o recrutamento volte a encher de pobretanas os grandes movimentos de inconfessáveis desígnios, onde a submissão seja o garante de que esta região continue em reza de ordeira.
São forjas a frio, onde as massas de ar que no subterrâneo informático circulam, paralisam as su­perfícies onde a canalha vegeta e onde “jornalistas analfabrutos” ajudam a semear ventos de miséria que se espalham por todo o lado. São gases tóxicos que saem disparados do subsolo da finança, que os registos informáticos, concebidos pelos tentáculos do gigante sem escrúpulos, anicham em bol­sos, ora na direção de Leste ora voando para além-mar, lá donde vêm os agentes do nosso ocaso, e vão espalhando impurezas pelos ares que chegam ao destino já com a matéria prima, quiçá livre de taxas na origem, com que enchem os cofres, solucionando os efeitos do estoiro da bolha.
Enquanto a canalha esfomeada blasfema, o pároco chefe manda-os calar, esse DESDEUSADO que traz ao peito o que não devia pelo enorme pecado que transmite via média, também sem quais­quer escrúpulos. Quer impor o silêncio perante a fome que certamente lhe trará perspetivas de mui­tos servos. E o tal jornalismo fedorento, que deveria constituir a porta da salvação e a barreira ao que de fora nos silencia, funciona como o vento de Oeste ou de Norte que o poeta Alegre imortali­zou; “cala a desgraça”.
O que interessa a dor? Se os donos da moeda eletrónica fizessem favores aos pobres todos seri­am endinheirados. Não pode ser!
O alquimista não previu que essa mente eletrónica não fosse fundida por métodos tradicionais. Os rapazolas políticos, ainda que com voz de homem, são presa fácil na forja dos Goldman ou dos Stanley, sem limites de criação e atuação nos mercados que constituem, jogando nos dois lados da apresentação da mercadoria (sem quaisquer problemas de justiça), ora fazem subir o preço para venderem com o lucro que querem, ora fazem descer os preços para comprarem ao custo que lhes convier, ou ainda à medida da clientela que constitui o tal mercado que nenhum interveniente nos média se atreve a definir divulgando personagens, atirando-os para a luz do dia. Há com certeza um jornalismo instrumentalizado, com ou sem conhecimento, que chama a isto mercado. Nada nem ninguém os controla. Basta que lhes acenem, lá nas reuniões de alto poder para onde os mais influ­entes são, quando julgado conveniente, convidados, aí se sentem protegidos pelo poder oculto que impõe a tais amestrados tudo o que muito bem entendem, para que permitam que essa espécie de áciaria informática multiplique os registos, adocicados com altas taxas de sangue para vampiriza­rem, em segurança e até à saciedade, se para essa raça que voa do outro lado do abismo tal limite existir.
Pensava eu que os seareiros, os moleiros, os ferreiros, os alquimistas de toda a Europa eram in­teligentes e asseguravam fortes sebes de segurança contra os ventos que lhes secam, de muitos la­dos, as fontes do pioneirismo europeu em todos os setores que caracterizam uma sociedade livre. Enganei-me! Para Portugal, permanecem as viroses vindas algures do Mediterrâneo, e talvez para a Europa, onde o nazismo não terá desaparecido, ou ainda a raça bravia que outrora do Norte se eva­diu, esteja a regressar do lado de lá, caraterizem o colunato União Europeia.
Estultícia minha: o Zé não me percebe! O saque continuará até à rendição total, como se viu em outras partes do mundo. Resta-nos regressar àquelas profissões que já tínhamos esquecido, mas agora esse regresso será doloroso.
O afogamento, já lhe ouvi chamar outro nome, estava na forja assim como o “hipo estoiro”, marcados para meados de 2013. Ainda não desistiram.
Não há justiça que entenda a conjuntura. Ou então as leis andam entretidas aí por quaisquer ga­binetes, em sociedades legalistas, que ética e moralmente simbolizam a imperfeição. E tudo os ven­tos políticos sopram. O medo e a insegurança também chega a este pilar da democracia. Que impo­tência: os tentáculos dos agressores parecem venerados.

Que ano horrível nos espera
que podemos aguardar?
Em tempos saímos do mar
viemos naufragar em terra.
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14/12/2012.

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