quarta-feira, 20 de março de 2013

----------- OS SECRETISMOS DE ROMA -----------


                                       AS RAZÕES DE BENTO XVI

As notas que nos chegam de Paris, dos especialistas em assuntos do Vaticano, e de outras informações que fomos adquirindo quando estes assuntos quentes ainda não tinham saído para a praça pública dizem que a renuncia nada teve a ver com assuntos de fé. As apetências febris financeiras de hoje, invadiram os conclaves que entre as nomeações papais se vão fazendo, longe da populaça que diariamente enche a Praça de São Pedro ou a que diariamente bebe, e jamais se sacia, desse cálice que os média todos os dias enchem com palavreados dirigidos às correntes massivas da obediência cega. O Papa Bento XVI terá decidido renunciar em Março passado, após regressar da sua viagem ao México e a Cuba. Terá descoberto, numa informação elaborada por um grupo de cardeais, grandes irregularidades onde estes enunciaram comprometedores desvios ao sentido espiritual que deve dominar a Igreja Romana: corrupção, finanças obscuras, lavagem de dinheiro, guerras fratricidas pelo poder, lutas entre fações e, mais recentemente, o roubo de documentos secretos.
Se este último facto se tornou agora conhecido, os outros mencionados já eram badalados aí por zonas onde a censura católica se distraía. E, tratando-se essencialmente de poder e dinheiro, qual o grupo implicado? Há quem acredite que o Opus Dei tem as mão limpas.
Apesar da propaganda das infalibilidades papais, diz-se que o imperial governo de Bento XVI decorreu muito longe das verdades do céu e muito perto dos grandes pecados terrestres, sendo o Vaticano um dos estados mais obscuros do planeta.
Enquanto aquele tipo de máfia calabrosa teve a sua base de refúgio unicamente em território a sul de Roma, o seu “sustentáculo confessional” funcionou sempre sem grandes escapes, sem fumaradas que intoxicassem as plebles do resto do mundo ocidental, e tudo decorreu sem que qualquer manifestação de justiça se fizesse ouvir. Os dinheiros do chefe mafioso da Cosa Nostra estavam depositados no IOR, o banco da Santa Sé. Mas, tudo tem um fim e esse poder mafioso que floresceu na segunda metade do século XX, extinguiu-se e apenas se notam resquícios, estando os últimos chefes a contas com a justiça. No seu auge não existia quem os intimidasse e, no reduto imperial, tudo é imune.
Os tempos mudaram, como sempre e, quando essa base sustentáculo permitiu que uma prelatura criada noutro Estado, fora de Itália, tomasse o lugar da antiga organização “protegida”, estava dado o primeiro passo para a implosão daquele império milenar. O Opus Dei não nasceu por necessidades de espalhar a fé. A sua criação destinou-se a promover um contrapoder civil que a igreja de Roma naquele momento não tinha, lá onde a voracidade do seu criador a pretendia, nem a sua criação foi intenção do papado.
Bento XVI, ao deixar-se eleger por essa organização criada fora de Itália, enliou-se a si próprio e, consequentemente, novelou o próprio império que tinha de dirigir, numa teia de gananciosos tal que jamais esse império voltará a ser o centro das atenções ocidentais como já fora. Desta vez não será apenas cisma como há séculos, mas dupla papal em que um deles pretende-se que seja o visível e o outro o emérito que, quando a tempestade acalmar e as águas regressarem aos seus leitos de aparente paz, poderá sobressair a fase da lenta implosão, mais alargada, porque a necessidade de seguir a reboque da evolução faz entoar as vozes muito para além dos limites de Roma e, o facto de se ter de modernizar, porque o Tempo o exige, ainda que teologicamente tentem observar e acompanhar as tendências, estarão sempre na carruagem de traz, como condição de manter aquele conservadorismo bacoco que se conhece. Diz-se por aí, que o ministério de Ratzinger, apoiando ou não as teologias da libertação, não conseguiu perceber a sociedade do século XXI, nem entendeu lá do alto do seu altar, o mundo que estava à sua frente.
Bento XVI terá contratado um jornalista norte americano, Greg Burke, membro do Opus Dei, que fora integrante da agência Reuters, da revista Time e das cadeias Fox, com a intenção de este contribuir para a melhoria da imagem da Igreja Católica, ao que este terá correspondido com a intenção, disse, de fazer luz. O Sumo e quem o aconselha não perceberam que seria uma contradição tentar abrir as janelas daquele conclave permanente a concorrentes de outro tipo de imperialismo, uma vez que na condução do estado do Papado nada pode ser claro e tal intenção morreu por aí. Os dias parecem decorrer apenas em horas de lusco-fusco.
Desta nomeação se terá servido J.W. Bush para engendrar um acordo com o Papa, em 2004, com a intenção de desmantelar a moeda única europeia, ao colaborarem , os dois estados, nos pontos de interesse de cada um. Os do outro lado do Atlântico, embora não declarado, pela desintegração da moeda única europeia, o que, por arrastamento, empurraria a União Europeia para a desintegração política, ficando os da margem do Mediterrâneo a gerir a seu belo prazer os estilhaços e os cacos do conjunto da cozinha europeia que, como sempre, a fé apregoada se dá muito bem no seio da miséria e da confusão. Assim a união do poder católico continuaria com sede em Roma, como rezam os pergaminhos do império. O ponto fulcral que baralhou toda esta questão, de quem desmantela o quê, terá surgido quando perceberam que o processo arruinava também a Itália e aí, todas as correntes de transmissão controladas pelo Goldman Sachs, Montis e Cª, emperraram.
Os aconselhantes de Ratzinger não perceberam que os dois objetivos eram antagónicos e então, como sempre, o fio condutor parte pelo lado financeiramente mais fraco. Teria sido fácil de entender que a ladroagem financeira que gravita à volta do Vaticano é muito vulnerável e que a ladroagem também financeira vinda do outro lado do Atlântico, com a experiência da Inteligência aí sediada , ramificada pelas praças europeias, não combinavam nos seus fins. Nos princípios da atual crise das dívidas soberanas, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettori Gotti Tedeschi, um próximo do Opus-Dei, diz-se, representante do Banco Santander em Itália, Presidente de banco do Vaticano para tentar limpar a imagem bastante turva desse labirinto das contas da Santa Sé, em que o arcebispo norte americano Paul Marcinkus a tinha deixado, este chamado banqueiro de Deus, onde a corrupção e a lavagem de dinheiro de origens desconhecidas fazia a base financeira intocável do poder mafioso. Quando da detenção do mordomo do Papa devido ao escândalo dos documentos roubados, Tedeschi foi demitido por supostas irregularidades na gestão. Tudo indica que as irregularidades no banco do Vaticano, mais conhecidas desde os anos 80, tinham a mão do Opus Dei e eram propositadas, uma vez que estes, ao tempo, constituíram uma associação de propaganda 2, conhecida como P-2, que se dizia maçónica, quando se sabia que para a Igreja Católica a maçonaria era o inimigo figadal. A intenção seria deitar para cima da maçonaria os escândalos que preparavam utilizando o banco do Vaticano.
Assim percebe-se o porquê da Igreja Católica ser atualmente o reflexo da atual decadência da sociedade ocidental em tudo o que de pérfido ela tem.
A nova Santa Sé deverá ser tomada totalmente por dentro pela prelatura Opus Dei, se um novo Papa não trouxer a força necessária para por ordem nas intenções daqueles que querendo o poder que essa instituição milenar comporta aliando-o ao poder financeiro agora mais do que nunca apetecível para jogar na cena da globalização.
Este é o caminho para o abismo donde, o que de lá se salvar, não se sabe quando, trará apenas o nome de Sé como caso remoto e possivelmente passado à história.
Um homem apenas, por muito que o Divino o proteja, quando se aproxima do final da sua passagem terrena, jamais terá “arcaboiço” para suportar o peso que uma instituição de tal dimensão comporta e, como demonstra a situação atual, ou se alteram as próprias leis administrativas ou há que pedir ajuda. É o que parece estar a acontecer.
10/3/2013

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