quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

UM CONTO DE OUTRO PLANETA

Existe nos limites infinitos do Cosmos um Planeta quase saturado de "Andróides", que gira, aparentemente, subjugado pela sua Estrela como todos os outros, mas com características especiais. A regularidade dos seus períodos de exposição à Luz e a sua verticalidade posicional, cuja mutação é imperceptível para o comum dos "Andróides", emprestam-lhe uma galáctica quietude para que as suas componentes mais ínfimas se agreguem em diferentes "composições" e se transformem em Seres das mais variadas formas, como se tivesse havido um Arquitecto Inicial, carregado de ideais de "Beleza Cósmica", esquecendo-se que os "Andróides" seriam susceptíveis de virem a adquirir defeitos, contrariando a sua Génese Natural. Imagine-se que, no seio dessas "espécies", existe uma que, não se mostrando na sua plenitude, actua com visibilidade para aquilo que parece razoável e aceite pelos demais "Andróides" e na invisibilidade para aquilo que quer manipular mas não é aceitável, visando as suas intenções colonizadoras desse Globo, o qual se julga livre no seu espaço de "vegetação" cósmica. Imagine-se que essa espécie, no percurso da sua história evolutiva rumo a objectivos não declarados ou propositadamente distorcidos, teve necessidade de elaborar um código de conduta para prevenir e regular os defeitos adquiridos, isto é, regras próprias mais restritas que aquelas que o "Arquitecto", naturalmente, delineou. Se foi necessário fazer restrições às "prerrogativas naturais" porque o espaço e os recursos tinham de ser cada vez mais repartidos, estava criado o caminho para que uma das variedades de "Andróides", ora visível ora invisível, ora clara ora escura para o comum das espécies,se apoderasse das mentes distraídas para jogar a sua hegemonia ao correr dos Tempos. De vez em quando o comum dos "andróides" agita-se, quer alterar regras, adequá-las ao Tempo. Se a proposta objecto da reforma é "razoável", bem aceite pela comunidade, a visibilidade é notória e anunciada aos "cordeirinhos" que, boquiabertos, bloqueados, aceitam com a maior das naturalidades (ignorância?). Se a regra a alterar passar o limite do "razoável" criando descontentamentos, então, a manipulação passa ao "invisível", actuando a "seita" de modo a que outros grupos façam o trabalho "sujo", salvaguardando a "imagem" desses "Andróides" por excelência. Este conjunto de regras que devem ser alteradas por imposição Temporal, têm de deixar margem para aqueles que , tendo todo o sistema preparado para receberem, antes de quaisquer outros, a informação sobre o que se passa no planeta e em todos os lugares, em todos os recantos, salvaguarde os seus. Há sempre este ou aquele que se presume "imune" a tudo o que lhe é incumbido fazer. Tem de haver, sempre, margem de manobra para que a "Espécie Eleita" decida, em primeira mão, se aquele protegido mas suspeito de ilícitos deve ou não ser sujeito às regras punitivas devido ao seu incumprimento do estabelecido. Nesse Planeta de perfeitas regras cósmicas não se pode aplicar o Processo Penal directamente a partir do que foi resolvido passar a escrito. Mas, na passagem para a visibilidade, têm de ser deixadas janelas abertas para evitar julgamentos, antes que as regras escritas produzam os seus efeitos e possam ser aplicadas. Os "Andróides" críticos do sistema dizem que o aumento da impunidade é, apenas, o sintoma da crise daquilo a que se convencionou chamar "Estado". Têm toda a razão, o objectivo é precisamente esse! "Spectemur Agendo". Se um dia a "Coisa" passasse a correr sem essa "crise", os partidários do "claro-escuro" teriam grandes problemas para o domínio da "espécie" a que, naturalmente, pertencem. E, assim, o Planeta vai viajando através do Cosmos, submetido à sua Estrela, por sua vez à sua Galáxia e, cá no "Reino dos Andróides", estes vão, individualmente, vivendo, morrendo, sem que o anunciado caminho para a "Perfeição" idealizado, não passe da encruzilhada. Os pensadores e fazedores das regras bem podem continuar a palavrear-se, por todos os meios onde possam ser ouvidos, esgrimindo argumentos uns contra os outros. Não passarão do imperfeito. Este conto de outro planeta "quase" se aplica na totalidade ao único conhecido com vida à sua superfície. Não fora o privilégio do "subterrâneo" e o ajustamento seria perfeito. Errado? Avise-se o "Demos" Um democrata, perfeitamente adepto da independência de quem julga.

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